Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Pastas

terça-feira, 22 de julho de 2008

Maria Rita, «Cara Valente»

Queres ser Leonard Cohen?

Depois há aquele caso do fã doente que, além de melómano, é de tal forma megalómano que acredita saber tudo o que se passa na alma do seu ídolo. É um texto interessante porque evidencia uma paixão perturbada, em que o bem amado não tem direito a ser mais nada do que aquilo que nós queremos que ele seja.

"...quem conhece Cohen sabe que aquela é a sua forma de ser sarcástico e de gozar consigo mesmo." E quem conhece Bonifácio (que se acuse) saberá porventura que aquela é a sua forma de amar e de se relacionar fisicamente (vulgo gozar) consigo mesmo.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

É que estava lá TODA a gente:

    "Entre os dez mil que foram assistir ao concerto de Leonard Cohen na noite de sábado, o mais famoso não foi o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, mas sim duas estrelas de Hollywood: Tim Robbins, convidado especial, e Colin Farrell, que veio de propósito a Portugal e esteve no Passeio Marítimo de Algés."(daqui).

E a Rita, também, que ficou mesmo ao lado destes dois e me contou tudo.

domingo, 20 de julho de 2008

Aniversário

Apesar do castigo, parecia mal não assinalar que o Serendipity faz hoje quatro anos. E começa a falar-se numa mudança de template.

Leonard Cohen - o concerto

Uma experiência que se tornou mística depois de desmistificada.

Leonard Cohen - depois do concerto

Trata-se, sei-o agora, do artista cujo reportório conheço melhor. Interpretou duas músicas que eu não conhecia, uma continuo a não conseguir identificar outra chama-se "The Gipsy Wife".

De resto, tirando aquela parte do "eu estive lá" e "estava lá toda a gente", permanece tudo igual. Perfeito e igual.

Leonard Cohen - antes do concerto

Quando é que eu alguma vez imaginei assistir a este concerto? Nunca. E esse facto também não me causava qualquer angústia. Aqui trabalha-se bem na idealização e prosseguia a demorada e repetitiva digestão da obra e do autor.

No estágio de preparação para o evento, cheguei à estranha conclusão que não tenho uma música preferida de Leonard Cohen. Não conseguia decidir que música tentaria gravar em filme, era tudo aos múltiplos de dez. Entretanto, reduzi a duas candidatas: "Hey, That´s No Way to Say Goodbye" e "Hallelujah". (não interessa porque os filmes não ficaram nada de jeito.)

Leonard Cohen - enquadramento histórico

A primeira música que conheci foi "Take This Waltz", estava num disco que a minha mãe comprou chamado "Poets in New York". Lembro-me bem da minha mãe ter ido ao concerto de 1988 no Coliseu (porque a mim só me arrastava para as épocas completas de bailado moderno e de música clássica da Gulbenkian...) e de, nesse mesmo ano, a minha irmã ter trazido o "Hey, That´s No Way to Say Goodbye" numa cassete vinda da Holanda.

A partir daqui a descoberta seguiu por minha conta. Aliás, a minha irmã deu-me o desgosto de não se mostrar interessada em ir ao concerto de ontem e a minha mãe, depois de aderir com entusiasmo, marcou mais uma viagem e foi passear para a Escócia. Uma família de infiéis.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Indispensáveis #19


Blackberry 8300 Curve
é verdade que não tem acentos nem cedilha...

A Meg chama-lhe o teu strawberry mas é só inveja, porque até a ela já lhe deu muito jeito este aparelho. Assim e pelos serviços extremamente valorosos prestados, em especial nesta ultima semana, recebe agora a merecida condecoração de Indispensável.

Esta espécie de telemóvel tem tudo o que há na internet; o email profissional, o email pessoal, e recebe e envia e abre anexos doc ou pdf ou jpg e reenvia, tem os blogues, o google, a wikipédia e tudo e tudo. No entanto, após uma utilização de 8 meses, começo a achar que é um atraso de vida não permitir visionar youtubes.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

A arte de amar (cont.)

Só mais um bocadinho para a Sam, por causa daquele comentário.

"Para experimentar esta identidade é necessário ultrapassar a superfície e atingir o essencial, o centro. Se eu vir noutra pessoa sobretudo a superfície, vou-me aperceber mais rapidamente das diferenças, daquilo que nos separa. Se eu chegar ao essencial, ao centro do seu ser, apercebo-me da nossa identidade, da nossa irmandade. Esta relação entre centros, e não superfícies, é o que podemos designar por "relação central". Ou como Simone Weil o exprimiu de forma tão bela: "As mesmas palavras [por exemplo, de um homem a dizer "eu amo-te" à mulher] podem ser vulgares ou extraordinárias, dependendo da maneira como forem ditas. E esta forma depende da profundidade daquela região do ser humano de onde vêm, sem que a vontade as possa impedir. E por um maravilhoso acordo, elas atingem a mesma região em quem as escuta. E o ouvinte pode discernir, se tiver algum poder de discernimento, o valor destas palavras".

A arte de amar

Este livro do psicanalista Erich Fromm foi escrito nos anos cinquenta mas continua muito actual.

Aqui ficam alguns excertos das primeiras páginas.

"Será o amor uma arte? Se o for, então exige conhecimento e esforço. Ou será o amor uma sensação agradável, que por acaso experimentamos, algo que "nos acontece" se tivermos sorte. Este pequeno livro parte da primeira premissa, embora não haja dúvida de que a maioria das pessoas hoje em dia acredita nesta última.

Não é que as pessoas pensem que o amor não é importante. Elas estão sequisosas de amor; vêem inúmeros filmes sobre histórias de amor felizes e infelizes, ouvem centenas de canções "lamechas" sobre amor - e contudo quase ninguém acredita que é preciso aprender seja o que for sobre o amor.

Esta estranha atitude baseia-se em diversas premissas que, isoladas ou em conjunto, tendem a confirmá-la. A maioria das pessoas encara o problema do amor como sendo uma questão de se ser amado, e não de amar, da capacidade de amar. Daí que, para elas, o problema consista em como ser amado, como ser amável".

"Uma segunda premissa por trás da atitude que defende que não há nada a aprender sobre o amor é a suposição de que o problema do amor é o problema de um objecto, e não um problema de uma faculdade. As pessoas pensam que amar é simples, mas que encontrar o objecto de amor certo - ou ser amado pela pessoa certa - é o mais difícil".

"O terceiro erro que nos leva a presumir que não há nada a aprender sobre o amor tem a ver com o facto de se confundir a experiência inicial de se apaixonar com o estado permanente de estar apaixonado."

Nota: A edição portuguesa da Pergaminho é uma vergonha, está cheia de gralhas.

Vida de mãe - episódio 49

A avaliação escrita que o professor do meu filho lhe fez no final do ano lectivo termina com a seguinte observação: "O D. é um grande amigo e uma criança excepcional a todos os níveis".

Fiquei orgulhosa mas sobretudo muito emocionada com tamanho elogio. Sabe bem constatar que, além de mim e da minha família, mais alguém acha que ele é um miúdo fantástico.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Shoot the messenger

Take that look off your face
I can see through your smile
You would love to be right
I bet you didn't sleep good last night
Couldn't wait to bring all of that bad news to my door
Well, I've got news for you: I knew before.

[«Take That Look Off Your Face», música de Andrew Lloyd Webber e letra de Don Black]

domingo, 13 de julho de 2008

Regina Spektor, «Real Love»


Deste disco.

Conciliar os sonos

Sobre a diferença no volume do ruído que ele e ela produzem enquanto dormem já ninguém tem dúvidas. Mas em breve estará disponível um estudo de uma universidade norte-americana (são os melhores) demonstrando que os homens adormecem mais rapidamente do que as mulheres. Ora, combinar estas características é cruel.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Não mexe, não respira

Sempre foi muito difícil estar quieta. Esperar. Não fazer nada. Desistir.

Eu dizia e fazia tudo o que me vinha à cabeça, mesmo quando o prognóstico das consequências dos meus actos era manifestamente desfavorável.

Se acreditava em alguém ou em alguma coisa, privilegiava em demasia as virtudes da franqueza e da honestidade, desvalorizando a mais valia da estratégia e os inegáveis atributos do "dormir sobre o assunto". Mais importante ainda, não contemplava sequer o uso das armas que são o silêncio e a omissão para me defender do impacto dos outros.

Desde há uns tempos para cá e depois de muitas quedas, tenho vindo a aprender o exercício da contenção, da disciplina e da resignação, até. Para mim, este trabalho é muito penoso, cheio de recuos e voltas a fazer de novo.

Enfim, é verdade que já tem dado alguns frutos mas ainda de tamanho muito reduzido, quando comparados com os padrões comportamentais da generalidade das pessoas em relação a esta matéria.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

A palavra

Poucas coisas me atrapalham tanto como falar com pessoas que usam a palavra. Um dia eu chego lá.

A nossa rua

Naquele meu passeio à Grécia compareceram cerca de cem pessoas de todos os cantos do mundo e apenas dois portugueses, ambos de Lisboa. Qual não foi então o espanto destes compatriotas quando, um mês depois de se conhecerem em Atenas, descobriram que moram na mesma rua, uma das mais pequenas e desconhecidas ruas de Lisboa. Nem os malteses, com aquele niquito de país que têm, acreditariam numa coisa destas.

Pub

Deus é fiel em que sentido? Então os fiéis não somos nóses? De qualquer forma, isto só pode dar excelentes resultados no que respeita ao manuseamento e transporte de mobiliário. Fica o contacto, para a próxima.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Número mágico

17,3

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O alívio da dor

A mais recente crónica do Pedro foi sobre o Calimero. Já não tenho o jornal (esta aversão à acumulação de papel é uma chatice) mas lembro-me que era enternecedora, por influência do tema, claro, e excepcionado o último parágrafo, onde, como é costume, o cronista vem ao de cima.

Ora, faltou dizer que o Calimero é essencial à vida. Poder dizer pobre de mim que sou uma vítima desgraçada ai ai ai é um escape que não deve ser desconsiderado. Tal como, por exemplo, desfiar um rol de palavrões quando se acerta com o dedo mindinho do pé na esquina do móvel. Ainda que não esteja cientificamente comprovado (e se calhar até está), parece-me que a lamúria e o palavrão contribuem de alguma forma para o alívio da dor.

Boobies

    A dada altura ouço: «When I grow up / I wanna have boobies». Confirmada a letra vejo que a palavra certa é groupies. [da Bomba]

Muitas vezes, a imaginação melhora substancialmente aquilo que é percepcionado, seja letras de música ou pessoas inteiras até. Mas não vamos por aí. Aquilo que a letra melhorada pela Charlotte me recordou foi da minha biografia alternativa, tal como se encontra condensada numa musiquinha da Sinead O’Connor. E embora pusesse qualquer pai de cabelos em pé, intitula-se «Daddy I’m Fine». A única coisa que me incomoda é quando ela transforma «boobs» em «pride» num ataque de feminismo (ou de caspa) dispensável.

I was born in Dublin town
Where there was not too much going down
For girls whose only hope
Was not to find a man who could piss in a pot
So early I heard my first guitar
And I knew I wanted to be a big star
And I told my poor worried father
Said I ain't gonna go to school no more

Cause see I wanna look cool and I wanna look good
With my hair slicked back and my black leather boots
Wanna stand up tall with my boobs upright
And feel real hot when the makeup's nice
I get sexy underneath the lights
Like I wanna fuck every man in sight
Baby come home with me tonight
Make you feel good make you feel all right

I'm going away to London
I got myself a big fat plan
Gonna be a singer in a rock 'n' roll band
And I'm gonna change everything I can
Sorry to be disappointing
Wasn't born for no marrying
Wanna make my own living singing
Strong independent pagan woman singing

And I feel real cool and I feel real good
Got my hair shaved off and my black thigh boots
I stand up tall with my pride upright
And I feel real hot when the makeup's nice
I get sexy underneath them lights
Like I wanna fuck every man in sight
Baby come home with me tonight
Make you feel good make you feel all right

I'm glad I came here to London
I've had myself some big fat fun
And I have even made some mon'
I got the most angelic son
My baby daughter is golden
And I do what I like for fun
And I'm happy in my prime
Daddy I'm fine I'm fine Daddy I'm fine
Daddy I'm fine I'm fine
Daddy I love you

Zero

sábado, 5 de julho de 2008

James Blunt, «Goodbye My Lover» (2)


Campo Pequeno, ‎4‎ de ‎Julho‎ de ‎2008, ‏‎23h02m

sexta-feira, 4 de julho de 2008

James Blunt, «Goodbye My Lover»

Disse-me há pouco o James Blunt que esta música, sobre um adeus muitíssimo contrariado, é inspirada no caso de um rapaz que está tão desorientado que até anda a ouvir Roupa Nova. Eu achei, pelo que conheço da história, que a música era perfeita e adequada, na linha do inconformismo conformista.

Um lado bom da tristeza, que vem depois da fúria e da luta para reverter a situação, é o descanso de não haver nada a fazer.

[PS - logo há concerto, ainda que não haja conserto.]

Este filme é muito bom

Este filme é muito mau

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Uma lição de persistência e coragem

Como mãe, filha, mulher e pessoa, não consigo imaginar os danos emocionais e físicos que seis anos de cativeiro, com a vida permanentemente presa por um fio, terão provocado a Ingrid Betancourt e aos seus familiares.

O horror acabou finalmente para ela. Que bom! A sua libertação emocionou-me profundamente.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Histórias da minha avó (2)

Tinha a minha coreografia muito própria para descer as escadas do prédio da minha avó. Descia cada lance a trote e, quando faltavam uns quatro degraus, saltava com grande convicção para o patamar. Um daqueles saltos destinados a abanar o prédio.

Certo dia, após um destes saltos acrobáticos, ouviu-se um estrondo de estilhaços no piso de baixo. Ainda ninguém tinha percebido o que tinha acontecido e já a minha avó me tinha conduzido a mim e à minha irmã, através dos destroços do candeeiro do hall do rés-do-chão, para fora do prédio. Voltou para dentro, onde estava o meu avô – bem sabendo que o seu papel era apenas o de não dizer nem fazer nada -, e aguardou um momento até que aparecesse a porteira, atraída pelo barulho. A Dona Cesaltina desfez-se em desculpas e ficou mesmo convencida que os meus avós tinham escapado por um triz ao inexplicável impulso assassino de um globo de vidro voador.

Histórias da minha avó

Sempre que nos preparávamos para ir à rua, a minha avó encostava o ouvido à porta para perceber se andava alguém na escada. Se andasse, esperávamos até que já não se ouvisse nada e só então saíamos. Eu não percebia porque é que era tão importante evitar os vizinhos e tenho ideia de algumas vezes lhe ter gorado o esquema precipitando-me para fora de casa sem as cautelas prévias. O que é certo é que, hoje em dia, tenho alguma dificuldade em sair da minha casa enquanto se ouvem passos ou vozes no prédio.