Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Inadaptada

Pelos vistos, devo ser uma daquelas girafas que não têm o pescoço suficientemente comprido.

Esta constatação é chata, porque é praticamente impossível conseguir esticar o corpo, a tempo de trocar as voltas à implacabilidade da selecção natural.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Má-língua

Diz que o Jude Law está a ficar careca e que a Nicole Kidman incorreu em excesso de botox...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Puro overacting

Uma história de amor em francês. Louca. Dramática. Com um final feliz. Este filme tem tudo a ver comigo.

Mr. Big

O mais giro da ninhada.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Quando pego num jornal não é para ler notícias, é para ler pessoas.

Hoje, no Público, o texto do Jacinto Lucas Pires vale muito a pena.

Sobre o processo de selecção

Para avaliar um qualquer elemento do sexo masculino, tendo em vista a eventual concretização de um relacionamento amoroso, as mulheres costumam confrontar o exemplar em análise com uma lista pessoal de critérios para decidir se o levam (ou não) a uma segunda entrevista.

Pelo que tenho constatado, estas listas costumam conter imensos items, alguns mais óbvios que outros, e são objecto de actualização regular, de acordo com a experiência entretanto adquirida.

Entre amigas, é hábito efectuar extensos estudos comparativos sobre as ditas listas e alguns dos pontos sempre muito discutidos, são os seguintes:

I. A idade

a) Ele não pode ser mais novo do que eu;

b) Ele não pode ser mais velho do que eu;

c) Quero lá saber da idade dele.

II. A altura

a) Ele tem de ser mais alto do que eu;

b) Ele não pode ser mais baixo do que eu (atenção aos saltos);

c) O tamanho não interessa nada.

III. O dinheiro

a) Ele tem de ser mais rico do que eu;

b) Ele não pode ganhar muito menos do que eu;

c) A paixão paga as contas.

IV. O estado civil

a) Solteiros, divorciados e viúvos (as namoradas contam ou não contam?);

b) Casados, jamais em tempo algum;

c) O amor não se compadece com estados civis.

V. O carro

a) É indispensável (um homem sem carro é esquisito);

b) Aceita-se sem carro mas com carta de condução;

c) Para quê? Eu tenho.

VI. A apresentação

a) Uma nódoa na roupa é suficiente para invalidar a candidatura;

b) O risco preto da unha põe fim ao devaneio;

c) O grau de exigência é avaliado caso a caso.

VI. As origens

a) Custa-me reconhecer mas não lido bem com a diferença;

b) O príncipe encantado pode ter marca branca;

c) A questão nem sequer se coloca.

VII. O QI

a) Imprescindível;

b) Pode ser substituído por outro tipo de atributos;

c) O intelectual é um chato.

VII. Os filhos

a) Tanto faz;

b) Se não os tivesse, era melhor;

c) Com prole, nem pensar.

And so on...

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Depois do teaser, a desilusão.

À pergunta anónima "E se cada um de nós tivesse um sol só para si?" A mega campanha daquela empresa agiota e irresponsável chamada Cofidis responde com "Energia para viver".

Este conceito e o inerente apelo ao consumo pelo consumo revolta-me as entranhas. Ainda por cima, numa altura destas.

O resto, também...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Paragem de autocarro (2)


[Mais um livro infantil a merecer a atenção do público adulto.
Descobri-o no filme "Ruptura" (Fracture).]

You can get so confused that you’ll start in to race down long wiggled roads at a break-necking pace and grind on for miles across weirdish wild space, headed, I fear, toward a most useless place. The Waiting Place…

…for people just waiting. Waiting for a train to go or a bus to come, or a plane to go or the mail to come, or the rain to go or the phone to ring, or the snow to snow or waiting around for a Yes or a No or waiting for their hair to grow. Everyone is just waiting.

Waiting for the fish to bite or waiting for wind to fly a kite or waiting around for Friday night or waiting, perhaps, for their Uncle Jake or a pot to boil, or a Better Break or a string of pearls, or a pair of pants or a wig with curls, or Another Chance.

Everyone is just waiting.

NO! That’s not for you!
Somehow you’ll escape all that waiting and staying.

O Américo

Hoje em dia não aparecem muitas crianças como o Américo. Numa palavra, sociável. O Américo, que tinha 7 anos quando eu o conheci, neste Sábado, mas fez oito no Domingo, não dispensou qualquer oportunidade para ser o centro das atenções, apesar de ter acabado de conhecer a maior parte dos convivas, quase todos bem crescidinhos.

Eu fiquei encantada com o miúdo e com a irmã Joana, 3 anos, saída da mesmíssima forma. A mãe apressou-se a esclarecer que a natureza extrovertida das suas crianças não era característica de nenhum dos progenitores e advertiu que toda aquela animação se podia tornar cansativa.

No final do almoço o Américo anunciou que ia cantar uma canção. A mãe explicou-me que ele andava a ensaiar um número para a festa da escola. Subiu para uma cadeira e deu um show digno de rivalizar com o vídeo abaixo, incluindo o tique da cabeça e tudo. Um verdadeiro artista.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Ainda em carne viva

Li anteontem esta notícia no DN e fiquei pouco surpreendida e muito incomodada.

Ontem, o editorial do referido jornal demonstrou, na minha opinião, um lamentável esforço de contemporização que me deixou mal disposta.

Hoje, à hora de almoço, tropecei em dois comentários de leitores do jornal Global sobre o mesmo assunto que me deram vontade de os reproduzir aqui:

“Se Bob Geldof não tem razão, como se explica que a filha do Presidente de Angola detenha 25% de um banco que esta semana abriu em Lisboa? Ah, já sei… foram as mesadas amealhadas ao longo dos anos… As mesmas mesadas que permitiram adquirir imóveis nas zonas mais caras de Lisboa.”

“O ex-ministro Mira Amaral disse que Bob Geldof não pode falar sobre assuntos sérios e por isso não merece crédito, porque é um cantor pop! Bob Geldof disse apenas o que muitos pensam mas temem dizer. É verdade que em Angola reina a corrupção. Como se justifica que num país tão rico e onde os governantes e seus familiares desfilam riquezas, o povo continue a padecer? Porque para eles o povo não conta. O povo só conta quando serve de isco para campanhas de solidariedade e, aí,os artistas e cantores pop já têm muito valor.”

Podem não ser muito elaborados mas expressam uma opinião que eu partilho.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Pub (Institucional)


Directamente do produtor ao consumidor, já estão à venda os frutos desidratados confeccionados pela Huma. E os locais contemplados em Lisboa, por enquanto, são:

Alguém

Mostraram-me uma fotografia actual da rapariga do anúncio da Dimension e perguntaram-me "reconheces?". Não reconheci mas acredito. Foi mais fácil do que encontrar um líder para o PSD.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

O acossado (2)

Não sei se também se usa escolher entre o Jean-Paul Belmondo e o Alain Delon, como se faz com o Caetano Veloso e o Chico Buarque. Se tivesse de o fazer, optaria de caras pelo primeiro.

O acossado (1)

Cerca da meia noite, depois de duas horas e tal de estudo, achei que merecia ver um filme antes de ir para a cama.

Escolhi o "À bout de souffle" do Jean-Luc Godard por causa do Jean-Paul Belmondo.

Gostei imenso dos diálogos do filme, permanentemente nebulado pelo fumo de um ou vários cigarros sempre acesos. Em particular, daquela observação tão óbvia quanto romântica, da lindíssima Jean Seberg, aliás, Patricia Franchini:

"C'est triste le sommeil, on est forcé de se séparer. On dit "dormir ensemble" mais c'est pas vrai."

domingo, 11 de maio de 2008

A mitologia explica tudo!

Hera and Zeus were once arguing about whether a man or a woman received the greater pleasure from the sexual act. Zeus said that women enjoyed it more and Hera believed that it was the man that was luckier in receiving the pleasure. The two deities decided to contact Tiresias, who had experienced the sexual act as both man and woman. He said that if the pleasures of sex were divided into ten parts, the man's pleasure was equal to only one of those parts while the other nine were endured by the woman.

[daqui, isto é pelo menos tão científico como um estudo realizado numa universidade norte-americana, só é pena porque acabou por ser ele a ganhar a discussão.]

Paragem de autocarro

Wait for love
Sometimes babe we all have to wait for love

[Trata-se, enfim, de mais uma excelente música de Josh Ritter que vinha agora a propósito]

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Usados

Na minha colecção privada das relações terminadas*, os usados são os elementos mais preciosos. Essa história de devolver os presentes, por despeito ou por culpa, isso é irrelevante. Importante é se devolvemos ou não aqueles bens pessoais do outro que estão na nossa posse no momento do desenlace. O dvd, o livro, os brincos, a camisola, aquele pyrex (é um assunto pessoal).

Quando o fim lateja, a minha ânsia imediata é de recuperar as minhas coisas, um gancho de cabelo que seja!, e devolver rapidamente toda e qualquer peúga desconhecida que apareça no cesto da roupa. Mas depois, mais tarde, estes objectos ganham outro sentido, um bom sentido. E tenho pena de constatar que quase não tenho deixado partir coisas minhas.

Indispensáveis #15


A toalha de praia

Um acervo a que dou muita importância, e que é composto por poucas peças, resulta dos usados que me foram oferecidos, deixados, ou retidos por mim e aos quais estará sempre agarrado o/a anterior titular. Não é a mesma coisa com os presentes, que naturalmente associamos a quem nos ofereceu. Os presentes têm menos história, nasceram no dia em que foram comprados para nos serem oferecidos. Os usados têm um passado.

A transmissão de usados pode fazer-se de forma expressa ou implícita, incluindo-se nesta última a mera tolerância à utilização alheia que, com o decurso do tempo, conduzirá à transferência da titularidade. Admito ter adquirido grande parte do pequeno acervo de forma implícita.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O maluco do ornitorrinco

O aspecto físico deste bicho sempre me intrigou.

Ao ler esta notícia no DN de hoje, percebi porquê. É que a criatura resulta de um original cocktail genético de réptil, ave e mamífero.

Para quem acha piada a este cromo do mundo animal, aqui fica o artigo da revista Nature sobre o assunto.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

A mitologia explica tudo

Durante a noite de ontem, senti o efeito curativo do diálogo no imenso tamanho da ferida.

Não sei se vinte anos vão chegar para nos reunirmos. Talvez seja preciso toda esta vida, e outra, ainda.

Entretanto, vou aprendendo a perder o medo da distância e a esperar o perdão.

Ulisses e Penélope de Chagall

domingo, 4 de maio de 2008

«Résiste», France Gall

Em compensação, o “Corações” encheu-me as medidas.

Si on t'organise une vie bien dirigée
Où tu t'oublieras vite
Si on te fait danser sur une musique sans âme
Comme un amour qu'on quitte
Si tu réalises que la vie n'est pas là
Que le matin tu te lèves
Sans savoir où tu vas

Résiste
Prouve que tu existes
Cherche ton bonheur partout, va,
Refuse ce monde égoïste
Résiste
Suis ton cœur qui insiste
Ce monde n'est pas le tien, viens,
Bats-toi, signe et persiste
Résiste

Tant de libertés pour si peu de bonheur
Est-ce que ça vaut la peine
Si on veut t'amener à renier tes erreurs
C'est pas pour ça qu'on t'aime
Si tu réalises que l'amour n'est pas là
Que le soir tu te couches
Sans aucun rêve en toi

Résiste
Prouve que tu existes
Cherche ton bonheur partout, va,
Refuse ce monde égoïste
Résiste
Suis ton cœur qui insiste
Ce monde n'est pas le tien, viens,
Bats-toi, signe et persiste
Résiste

Danse pour le début du monde
Danse pour tous ceux qui ont peur
Danse pour les milliers de cœurs
Qui ont droit au bonheur...
Résiste

Aos trinta minutos de “Uma Segunda Juventude”

- Que género cinematográfico é este?
- Chato.

O cão vagabundo

Ah o Youtube. Ah. Quanta emoção. AH.
O cão vagabundo era uma série da minha infância. Em cada episódio, o pastor alemão aparecia na vida de alguém mesmo a tempo de ajudar a resolver os grandes imbróglios em que as pessoas se metem e, depois de sanado o problema, lá seguia o seu caminho. A música do genérico diz tudo:

There's a voice,
that keeps on calling me
Down the road, is where I'll always be
Every stop I make, I'll make a new friend
Can't stay for long, just turn around and I'm gone again.

Maybe tomorrow, I'll wanna settle down,
Until tomorrow, I'll just keep moving on.
Until tomorrow, the whole world is my home.

Então, a minha avó comprou um pastor Serra da Estrela mas não foi nada do que eu esperava. Era um cão de guarda, tinha uma casota ao pé da adega e ficava preso dia e noite. Nestas circunstâncias não lhe era exigível que resolvesse os grandes imbróglios da minha vida.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Freud - prós e contras - parte 2

Parece que o tal professor tem uma costela piagetiana.

Para ele, aqui fica um excerto de uma entrevista que Jean Piaget concedeu ao semanário L’Express em 1968 e na qual critica a psicanálise nos seguintes termos:

“- O que lhe falta [à psicanálise] é o controle. Não acho que seja inteiramente uma ciência. Os psicanalistas ainda estão agrupados em igrejinhas, é uma coisa muito complicada; e em cada uma delas os investigadores acreditam imediatamente uns nos outros: têm uma verdade comum. Ao passo que em psicologia, a primeira reacção consiste em procurar contradizer-se. Os psicanalistas remetem-se a uma verdade que deve, mais ou menos, estar em conformidade com os escritos de Freud, o que me parece deveras embaraçoso.

- Em sua opinião, a psicanálise pode vir a ser uma ciência?

- Na medida em que nela houver mais heréticos, certamente.”

O excerto da entrevista vem referido no livro Para compreender Jean Piaget de Jean-Marie Dolle (Ed. Guanabara Koogan).

Freud - prós e contras - parte 1

Recentemente, um dos nossos professores alertou-nos para o perigo de sermos seduzidos pelas ideias de Freud, sugerindo que fizessemos uma análise crítica e racional às bases da sua construção teórica.

Aquele docente não põe em causa a genialidade do homem mas aponta a impossibilidade da demonstração científica de muitos dos seus conceitos, a começar pelo celebérrimo inconsciente.

Desde então, tenho andado numa luta para tentar trocar as voltas ao encanto que aquele famoso psicanalista me provoca. De facto, é difícil não nos apaixonarmos por homens que pensam assim:

“Dizer a verdade cura: esta é a convicção profundamente optimista de Freud. Cura, não porque permanece presente e constantemente exposta, mas porque, uma vez libertada do inconsciente, sistema repetitivo, incapaz do esquecimento, pode entrar novamente no jogo do tempo, onde se esquece e se apaga. A ilusão nunca é preferível à verdade, porque a questão, que por detrás dela se esconde, não deixará de se pôr indirectamente até ter sido enunciada e denunciada nas palavras. Trazer a verdade à palavra é, para a psicanálise, a liberdade.”

Excerto do livro Introdução à psicanálise de Freud de Michel Haar (Edições 70).