Serendipity

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Things happen

Não sei se foram os deuses, a natureza, a câmara municipal, ou o construtor, quem determinou que a minha casa fosse literalmente inundada na passada madrugada de quarta-feira.

Em todo o caso, o facto é que por volta da meia-noite, estava eu na casa de banho a lavar os dentes para me ir deitar, quando logo após uns ruídos estranhos, tipo blurp, blurp, tinha litros de água a sairem da minha sanita e da minha banheira a uma velocidade inacreditável.

A situação era de tal modo incontrolável que depois de ter ficado parada dois ou três segundos a olhar para aquele cenário de terror e a aceitar que este estava mesmo a acontecer, quando fui retirar o tapete do chão do hall, o do quarto do meu filho já estava encharcado.

Decorridos mais uns dois ou três minutos, os meus pés chapinhavam na água, o alarme do prédio gritava e o miúdo continuava a dormir na paz dos anjos.

Liguei imediatamente à minha mãe (que vive no mesmo prédio que eu) e pedi-lhe que chamasse os bombeiros o mais rapidamente possível. Entretanto, apareceu a minha irmã do meio para vir buscar o sobrinho (ela também vive no mesmo prédio que eu), de modo a eu poder ir tirar o carro da garagem.

Quando saí do meu andar, de meias molhadas e de pijama disfarçado com um casaco, dei de caras com não sei quantos vizinhos, muitos deles enfiados nos seus roupões e pantufas, que também se dirigiam apressados para os seus carros, com medo - justificado, diga-se de passagem - que o nível da água viesse a danificá-los.

Depois de ter conseguido salvar o automóvel, regressei ao meu apartamento, onde encontrei a minha irmã mais nova (pois é, ela também vive no mesmo prédio que eu), o meu cunhado (marido da minha irmã do meio), a minha mãe e cinco ou seis vizinhos munidos de baldes e até de um aspirador, que me ajudaram a retirar os cinco cêntimetros de água que eu tinha em casa, durante as cerca de duas horas que se seguiram.

Por volta das três da manhã, exausta e deprimida, fechei a porta à chave, fui ter com o meu filho ao terceiro andar e desisti de pensar no accionamento do seguro, na substituição inevitável do chão e nos outros prejuízos com que eu me iria deparar pela manhã.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Temos o mesmo nome de blog! Adorei os textos de vocês. De onde vocês são? Me visitem se tiverem curiosidade. Pelo menos bom gosto nos nomes nós tivemos! Um beijo e parabéns.

6:27 da tarde  
Blogger Sam said...

Olá Mara, e obrigada. Nós somos de Lisboa. Vou espreitar o seu serendipity.

5:16 da tarde  

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